Editorial
Diplomacia falha
Com o fechamento da passagem de Rafah, única saída viável de Gaza, mais uma vez os brasileiros que estavam na Palestina vão ter que aguardar, tensos e frustrados, por uma saída de lá. É compreensível o temor de Israel de que a saída de estrangeiros da zona de guerra possa servir como um escape para terroristas. No entanto, há muitas vidas em risco e pouca diplomacia no que tange a guerra atualmente. As resoluções da ONU pouco ou nada vêm sendo cumpridas. Soluções raramente são encontradas. Enquanto isso, corpos são empilhados, com muitos civis sendo "efeito colateral".
Ontem o G7, composto pelas principais economias do mundo, solicitou pausas maiores para ter mais tempo hábil para resgates humanitários em zona de guerra. Algo pouco provável, dentro do contexto atual. Historicamente, há o mínimo de respeito e honra na guerra. No entanto, pouco se vê disso na atual. Mesmo com a grande maioria dos países clamando por um cessar-fogo e saídas humanitárias, Israel, ainda ferido pelo ataque do Hamas que deu início à escalada bélica, pouco ouve. Os Estados Unidos da América, históricos parceiros de Israel, entraram juntos nessa vingança, vetando inclusive a proposta brasileira em um nada democrático Conselho de Segurança em que a posição de um pode atropelar a unidade de todos os outros presentes.
Enquanto isso, a guerra se expande e toma caminhos assustadores. Ontem, a Polícia Federal e a Interpol prenderam suspeitos de orquestrar ataques que se dariam em território brasileiro. Israel acusa o Hezbollah, que seria financiado pelo Irã, parceiro do Brasil no Brics, de organizar o potencial ataque. Ou seja, mais um problema diplomático que virá por aí, caso as acusações se confirmem.
Chegou o momento de analisar como, afinal, a diplomacia vem funcionando. Na outra guerra que até acabou esquecida agora, entre Ucrânia e Rússia, pouco houve de avanço internacional. Agora, novamente. Afinal, de que serve a Organização das Nações Unidas se, em momentos de tensões e de mortes evitáveis, nada do acordado por lá funciona? Quanto tempo até líderes totalitários se darem conta de que os acordos de paz fechados no século passado pós Segunda Guerra Mundial pouco tem de efeito prático se alguém apenas decidir não seguí-los? É preocupante o caminho que a falta de diplomacia vem tomando.
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